O Projecto Gaivota é uma peça de teatro original, que aborda o tema de género de múltiplas formas, cruzando 2 eixos principais:
1) A personagem Treplev da peça “A Gaivota” de Anton Tchekov: a sua relação falhada com Masha e com o teatro, o sentimento de castração e de inferioridade na relação com a sua mãe; a sua incapacidade enquanto homem para aceitar e a sua necessidade de se afirmar no confronto com o mundo hostil, que o contraria e o desafia, que questiona a sua sexualidade e a sua identidade na relação com os outros e com o mundo; a amputação simbólica do corpo que mata e morre por causa da sua incapacidade para lidar com o mundo hostil à sua volta e de inevitavelmente transformar-se;
2) a história verdadeira de uma rapariga transgénero, que desde o início da sua vida tem este sentimento de que está no corpo errado e que depois de muitos anos decide dar início a um processo de transformação, de mudança de sexo/género;
A partir do entrelaçar destes eixos, o projecto GAIVOTA propõe trazer ao palco uma ideia de humanidade em profunda transformação das suas relações com o corpo.
Através do caos dos corpos em mutação e em palco: reflectir, questionar e dialogar sobre as noções de transsexualidade, identidades, expressão, corpo, fisicalidade, interioridade, humanidade, reinvenção vs. extinção. Da extinção à transformação total de identidade e género. O que implicam estas transições, estas dualidades entre homem-animal, homem- mulher, homem-máquina? Quais sãos os limites do corpo homem-animal-máquina? Em que se apoiam e por onde se movem as nossas (des)identidades?
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