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A Tempestade

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  • 2017
  • M/12
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A Tempestade de William Shakespeare será o mote. Um texto clássico para diálogo e investi- gação em 2017 que abre um ciclo sobre o amor. Importam-nos as palavras e os corpos que as fundem. Por isso, esta será a metáfora em forma de texto para a criação de um espectáculo onde de novo se avalia o que de enigmático e misterioso se preserva num clássico. Que força é essa que o anima e faz sobreviver ao tempo e às tempestades humanas e naturais?

É no confronto entre a performance e o texto que se erguerá a obra. Esta será uma obra performativa que relê o texto clássico e num acto de perversão dramatúrgica e, através das experiências subjectivas dos corpos, vai em busca da sua forma. A Tempestade é uma história de vingança e uma história de amor. Contém muitas histórias dentro de si. É uma história de conspirações oportunistas que contrapõem a figura disforme e selvagem dos instintos animais, que habitam o homem, à figura etérea, incorpórea das altas aspirações humanas. Contrapõe o baixo com o alto, a terra contra céu. Contrasta os instintos aos desejos de liber- dade. A investigação dessas emoções, desses pensamentos e das suas expressões físicas são, desde logo, a matéria restante do nosso fazer artístico.

Este espectáculo dá início a um ciclo dedicado às emoções, ao amor, mas também ao ódio que se lhe opõe, às forças que nos assolam como tempestades e nos sustentam os caminhos. As tempestades ilustram, exteriormente, no mundo real as forças da natureza, mas também, as forças interiores. Energias que se chocam invisíveis das quais os movimentos dos corpos são feitos afinal. Na força à solta na tempestade entrevêem-se os movimentos nervosos do corpo. É aí, nesses movimentos subtis e disruptivos, que este espectáculo se irá fundar. Nas forças opostas em confronto, nas zonas de contacto, entre a vida e a morte, na carne que se move por dentro do sonho inconsciente. São essas forças fundidas que emergem do nervo à carne, daí para a pele e que a pouco e pouco se espalham pelo mundo que vamos em busca de interrogar. Cada um destes mundos é como uma ilha pessoal. Para chegar ao outro temos de naufragar e ser aniquilado pelo mar do ser desfeito.

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