A ironia profunda e contraditória do texto, que oscila entre a comédia e o sacrifício, o excesso e a contradição, a subtileza e a brutalidade influenciará as iniciativas da encenação. Há imensas motivações entrançadas num apelo à fuga, à ilusão, à mentira, à submissão, à subversão, à vida e à morte, a partir das quais tomaremos a iniciativa de desenvolver um processo activo de criação. Procuraremos desvendar o esqueleto da peça. Jean Genet afirmou a certa altura que ‘como tudo se passa demasiado depressa e demasiado explicitamente, sugiro aos eventuais encenadores que substituam as expressões demasiado precisas, as que tornem a situação demasiado explicita, por outras mais ambíguas. Que as comediantes representem, excessivamente’. É essa a linha de excesso sobre o excesso que nos guiará, e é com base nesse artifício que proponho a substituição das comediantes por três homens.
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