Cânticos do futuro aborda a vida de um casal de artistas. Ele é um artista moçambicano que vive em Portugal desde menino e ela uma artista norueguesa que percorre a europa em busca de um lugar. São um casal que vive uma vida dupla de casados e de amantes através dos papéis que vão sucessivamente encarnando. Um casal de artistas que vive no passado e no presente invocando formas de escape e de integração social. São um casal de desesperados e de esperançosos. Confusos de vidas. Um casal que procura escutar o que o futuro lhes pode trazer e que canta e ouve os cânticos daqueles que já partiram das suas vidas. Esta obra foi escrita e realizada num momento em que a esperança pede para ser chamada para cima. O combate à coacção e à falta de espaço e opções para o caminho faz-se cantando e ouvindo os outros a cantar. Cânticos do Futuro mostra-nos o encontro de um casal que vive diversas vidas simultâneas que se sobrepõem convocando o real e o irreal. Um ilimitado espaço de futuro surge das suas mãos sem que se consiga compreender onde as suas fronteiras se delimitam. Cânticos do futuro é a história de passados, de vozes que regressam e se escutam pelas esquinas dos quartos e das cidades. Cânticos de Futuro é a narrativa de um novo presente que se reinventa a cada instante. Fundado no imaginário de 40 anos passados dedicados ao corpo, à performance, ao inconsciente esta série de filmes aposta no encontro de duas gerações de criadores que estão a aprender a cooperar para através das artes criarem caminhos paralelos. Esta é uma obra que se procura a si mesma: na liberdade, no amor, no desespero, na ilusão, na fé de que ainda temos tempo nas mãos. Cânticos do futuro é uma obra de grandes mentiras que se arriscam a tornarem-se belas e dolorosas verdades.
Por João Garcia Miguel
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