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Made In Eden

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  • 2021
  • m/12
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A velocidade tornou-se uma obsessão. Sinto no entanto os seus efeitos como um desafio, um sabor que se espraia pelo corpo lentamente, como um animal que se espreguiça por dentro de outro animal. Um ocupante desejado e estranho em simultâneo, que se desdobra continuamente e pronuncia um monologo incessante. Vozes soltas à solta dentro de um corpo. Vozes desordem que lutam por uma sombra, por uma parede onde ecoar. Aos poucos outros ocupantes vão perdendo o medo levantam-se dos escombros sacodem o pó e falam a medo primeiro, com alegria depois, a surpresa de estarem vivos a que se sucede o desejo infantil de tudo experimentar, de tudo querer, de tudo destruir. As pedras substituem as palavras e os risos são facas e carícias, cortam e chocam, deixam passar a corrente, golfadas pequenas, pontapés e pêlos eriçados. A Guerra começou aonde?

O caminho que se percorre está feito e pode sempre voltar a fazer-se de novo, tantas vezes quantas a memória permitir, até que o próprio caminho se apaga e afinal já não é mais aquele caminho que um dia percorremos. Nesse momento sofremos o peso de uma revelação inesperada que nos atira ao ar e perdemos as imagens mais queridas, aquelas que despertam com um toque na alma, com um toque por debaixo da pele. Perdemos tudo o que tínhamos, perdemos o sangue e a corrente eléctrica que nos anima as noites e nos ilumina o caminho. A Guerra acabou de começar algures, já lhe sinto o tremor!

Criámos um mundo onde as portas só fecham e nunca se podem abrir. É um mundo avariado onde as televisões avariadas e sem sinal descansam ternamente deitadas ao colo de sofás paraplégicos, mutilados de guerra aleijados sem pernas. As pedras voam por cima das nossas cabeças e as portas deixaram de abrir e só se fecham para que quando a desgraça bata à porta esta não possa entrar. Foi um segredo que me ajudou a criar este mundo, um mundo avariado. Um aviso-segredo que soou por dentro de uma televisão esquecida. A Guerra faz com que o braço se separe do corpo e que se escrevam poemas, cartas de amor e que tudo faça sentido?

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