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Mundo Interior

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  • M/12
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Este espectáculo surge de um sonho antigo. Tão longínquo quanto o tempo em que João se encontraram num Chapitô enquanto professor e aluno e no entanto já como almas e artistas. Jalâl Rûmi a quem pedimos o título da peça emprestado que é homónimo de um dos seus livros diz-nos que a palavra incita-nos na procura não que a coisa procurada seja obtida pela palavra pois se assim fosse não teríamos necessidade de nos esforçarmos tanto e repetida- mente. Bastava falar e as coisas todas se acertavam e compunham como se entrássemos no Paraíso. A palavra é como uma coisa que se agita ao longe como uma miragem ou uma bandeira que nos chama além no deserto. Corremos por isso atrás das palavras. Fazemos escorrer palavras de dentro de nós. Fazemos as palavras correr à nossa frente. Corremos atrás da palavras para ver o que se agita lá longe. Mas não é por causa do movimento das palavras que vês melhor o que te rodeia e o fundo interior de onde eles emanam.
A palavra incita-te fustiga-te a procurar o seu significado e aquilo que na verdade a provocou. Mas ao mesmo tempo que o faz que procura revelar a palavra tapa as coisas de onde vem. A palavra é uma capa que cobre é uma forma de ocultar a força o estímulo a energia as ideias o coração. A palavra é um oculto.

As palavras veiculam uma ideia mas o mundo interior é muito mais profundo. Como se a palavra fosse aponta de um iceberg e o resto submerso fosse o que se realmente quer dizer pensar ou sentir ou ver. Ou então como se a palavra fosse uma gota que sai de um funil ou como se fosse o resto do que se é. O destilar do pensar o ser. Por isso temos de falar duas línguas duas palavras. Uma linguagem que contenha dois lados. Temos de expressar-nos através de linguagens complementares onde o movimento é um modo de expressão e o outro é a palavra. Falar com o movimento e falar com o poema. Fazer uma proeza com as palavras como quem dança ou sobe a um mastro. Qual é a proeza da palavra? Qual é a proeza de subir ao mastro da palavra?

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