Entre o Maldoror de Lautréamont e esse Uivo que Allen Ginsberg havia de dar, situa-se esta Ode Marítima. Poema selvagem e compulsivo da partida e do regresso, viagem inefável pelos sentidos numa arritmia sensual e explosiva, rica nas suas metáforas, enebriante nas suas enumerações nervosas e sincopadas. Um golpe que o mergulhar do corpo dá mar adentro, por todo esse mar. Uma consciência que antecipa a nossa própria consciência e condição, um hino sensacionista à redenção e sobre essa contemporaneidade que foi a de Pessoa e que agora, por mais estranho que possa parecer, é aquela em que nos detemos por nos estar ainda tão próxima e presente. Um monólogo que é muitos diálogos com o mundo inteiro, dividido nas suas múltiplas aparições como uma noite estrelada ou os aromas texturais de uma brisa marítima.
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