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SKIES

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Servirmo-nos de um texto clássico é como sermos empurrados a espreitar a nossa alma quando ela adormece. Usar um texto clássico é um exercício de mistério e procura sobre o que nos escapa e arrebata. É uma prática de superação e de transformação sobre o que desconhecemos. No texto As Bacantes de Eurípides sentimos que se levantavam tantas interrogações e possibilidades de resposta, que uma apropriação do texto de modo tradicional nos fez sentir que estaríamos a mergulhar numa limitação inconsolável. No percurso da companhia a busca de uma diferença, uma singularidade, acompanha cada nova criação.

Arrebatados pelas Bacantes procurámos um modelo de abordagem com várias vias secundárias que contivessem em si os tempos antigos e os dias de hoje; as questões do corpo e do inconsciente; o corpo enquanto objeto poético e as suas componentes de animalidade; o corpo do artista e o corpo do espectador; o impulso sobre o confronto que pudesse ultrapassar o êxtase da leitura, do olhar silencioso, do obstáculo de um tempo único. Assim, acabámos por construir um espectáculo que contém em si quatro experiências a solo. Quatro visões sobre as Bacantes, que são no fundo quatro objetos artísticos apresentados a solo, com uma atriz, um ator, uma performer e uma bailarina. Como um puzzle o espectador pode construir a sua perspectiva a partir de um destes solos sobre as Bacantes. Ciclo Novas Bacantes, é o nome que une todas as partes, os quatro olhares em torno da obra de Eurípides.

Arrebatados pelas bacantes acabámos também arrebatados pelo feminino e pelas suas manifestações de morte e renascimento. Para Lara Guidetti, João Garcia Miguel criou um solo sobre a morte e o renascimento da Deusa que mora em cada ser vivo. Uma abordagem ás Bacantes sobre o ponto de vista de quem dança. A Deusa que pode inspirar, libertar e despertar nos homens e nas mulheres, aqui se move e manifesta entre quatro paisagens: Mulher, água, pássaro e céu. Lara Guidetti dança a metamorfose da Deusa presente, o corpo de uma bailarina que nos permite aceder ao símbolo, ao profundo transformador. Abordamos o indecifrável presente no texto através de metáforas que o corpo arquitecta. O corpo é um Deus de muitas faces, tem atributos e possibilidades narrativas excêntricas. O corpo detém uma singularidade narrativa que se conecta directamente com o osso, o músculo, a pulsão. Obriga a uma arquitectura da realidade que a excede e contrasta. O centro do texto de Euripides é o interdito do corpo e os seus ilimitados poderes de transpor o espaço e accionar fogueiras. É sobre o poder incendiário do corpo e a clareza do olhar que o sustenta que se fundará a investigação deste processo criativo. Tornar o corpo texto e dá-lo a ler a outros
corpos.

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