Há mais de dois anos que João Garcia Miguel e Francisco Luís Parreira recolhem, junto de quem as protagonizou, histórias da “nossa” guerra em África, questionando-se sobre a razão pela qual “mentem elas tão ostensivamente”. “A sobrevivência é em si uma indiferença destrutiva em relação à questão da verdade ou da mentira”, escreve João Garcia Miguel. “O fiasco absoluto da narrativa e da ficção portuguesa, mesmo teatral, sobre a guerra em África reside na sua base memorialista, que projeta a noção de um serviço a prestar à verdade. Mas sem uma verdadeira validação do mito, quer dizer, sem a perceção do contorno mítico – só ele capaz de perceber a decisão que leva à guerra – no qual se move ainda a experiência portuguesa, não há compreensão do que de fundamental se processou em África (ou no Brasil, ou no Oriente).” É sobre isso este espetáculo.
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